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Gálatas 1.1-12

Outro dia iniciei estudo na Igreja compartilhando sobre “Igrejas confusas e um apóstolo irado”. Não foi difícil para os presentes apontarem a Paulo como o “apóstolo irado”, mas houve dificuldade em identificar as “igrejas confusas”. Compartilhei, então, sobre as “igrejas da Galácia” (v.2), apontando que os Gálatas eram cidadãos de certa região da Ásia Menor, perto do Mar Negro, sendo Galácia o nome dessa província do Império Romano que compreende a atual Turquia, e algumas cidades daquela época podem ser citadas: Perge, Antioquia, Icônio, Derbe, Listra, etc. As igrejas dessa região estavam confusas, sim, com a ingerência de outras doutrinas, a saber, a doutrina dos judaizantes.

Em nosso texto o apóstolo Paulo está preocupado com a pureza do Evangelho. Ou seja, sua preocupação, aqui, não é com as pessoas ou pregadores, mas com a pureza do Evangelho. Tanto que em Filipenses capítulo 1 Paulo não rebate a pregação ali mencionada, ainda que fosse pregada por pessoas estranhas. Diz ele em Fp 1.18: “Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei”. Mas aqui, sim, o apóstolo demonstra especial atenção sobre o assunto, conforme versos 8 e 9. Vejamos.

O evangelho que JÁ FOI ANUNCIADO

O apostolo Paulo defende a pureza do evangelho QUE JÁ FOI ANUNCIADO – v.8: “Que vos temos pregado”. É verdade que do v.12 até 2.10 Paulo defende seu apostolado. Sim, Paulo se identifica nesta carta defendendo que é apóstolo e faz isso com intenção clara: EU ANUNCIEI O EVANGELHO!!! É verdade! O apóstolo Paulo, juntamente com sua equipe missionária, esteve evangelizando essa região em sua primeira viagem missionária e o leitor pode confirmar isto lendo Atos dos Apóstolos capítulos 13 e 14. E no v.6 de nosso texto podemos destacar os seguintes termos: “admira-me” – estou assustado; “estejais passando” – vocês estão desertando (é a palavra grega usada para deserção militar, a qual era punida com a morte); “tão depressa” – facilmente, rapidamente.

Ou seja, o apóstolo está dizendo aos Gálatas: Gente! Estou assustado com vocês! Eu, apóstolo Paulo, preguei o verdadeiro Evangelho pra vocês, e agora vocês estão saindo da graça, assim, tão facilmente, para seguir o legalismo ensinado pelos falsos mestres! Sim, estou admirado disso! O Evangelho que vocês receberam foi o EVANGELHO PURO, sem rituais ou cerimônias próprios dos padrões da Antiga Aliança. Vamos! Voltem para o verdadeiro e puro Evangelho que eu vos anunciei!

O evangelho que NÃO ACEITA MISTURA

O apostolo Paulo defende a pureza do evangelho QUE NÃO ACEITA MISTURA – o verso 7 diz: “o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo”. E aqui destacamos dois termos: “perturbam” – transtornam; sacodem para frente e para trás, no sentido de agitar, incitar. Os crentes da Galácia estavam sofrendo profunda perturbação emocional com a mistura de doutrinas ensinadas pelos judaizantes. Por isso estavam confusos e perturbados, sim.

O outro termo do v.7 é “perverter” – transformar algo em seu oposto. Estavam somando e misturando ao Evangelho de Cristo os ensinos falsos que, por natureza, destruíam a graça! Tornavam a mensagem do Evangelho, que é um favor imerecido vindo de Deus, numa mensagem de merecimento, num evangelho de rituais e legalismo próprios dos judaizantes! Não! Não vamos misturar nada ao Evangelho de Cristo Jesus!

O evangelho que é SUFICIENTE

O apostolo Paulo defende a pureza do evangelho QUE É SUFICIENTE – conforme os versos 8 e 9. “Seja anátema”, isto é, seja amaldiçoado; receba a sentença de maldição; seja condenado. Palavra forte, sim, mas necessária, já que Deus “vos chamou na graça de Cristo” (v.6) – isto é chamada eficaz!

Toda a carta aos Gálatas é uma defesa da doutrina da justificação pela fé em Cristo Jesus, somente. E esta epístola é chamada de a carta magna da Igreja, pois seu principal argumento é a defesa da liberdade cristã em oposição ao ensino dos falsos mestres judaizantes naqueles dias. Não! Não vamos misturar nada ao Evangelho de Cristo Jesus! O Evangelho de Cristo Jesus é suficiente!

Conclusão

Queremos concluir esta breve mensagem com uma citação histórica: De Genebra, na Suíça, em 1º de fevereiro de 1548, João Calvino endereçou e dedicou seu comentário bíblico de Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses a Christopher, Duque de Wirtemberg e Conde de Montbellard. Faço esta citação pela seguinte razão: Christopher foi um alemão (1515-1568) que promoveu o protestantismo na Áustria. Também proibiu a missa em paróquias, aboliu o interino*, tomou as imagens, altares , capelas e tudo que restava do antigo serviço religioso, transformando mosteiros masculinos em escolas com abades evangélicos. Em outras palavras, Christopher estava também interessado na pureza do Evangelho.
* Interino é o nome de três disposições provisórias e temporárias entre os protestantes da Alemanha e da Igreja Católica na época da Reforma.

 

Rev. Adilson Souza dos Santos